12-08-2020
Em 3 meses, quase triplica número de mortes de enfermeiros no Brasil

País é recordista mundial em número de casos e óbitos de profissionais de saúde. Confira a reportagem da Central Única dos Trabalhadores (CUT)

O trabalhador do Serviço de Assistência Especializada de Porto Velho, em Rondônia, e membro do Conselho Regional de Enfermagem do estado, Raimundo Socorro Lopes Lamarão, faleceu na noite desta segunda-feira (10) vítima da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Raimundo e mais 9 profissionais da enfermagem, que perderam suas vidas de ontem para hoje, vão elevar o número total de óbitos entre estes trabalhadores de 341 para 350, segundo o Observatório da Enfermagem, site criado pelo Conselho Federal da categoria (Cofen) para concentrar os números de infectados, mortos e internados.

Os óbitos entre estes profissionais quase triplicaram em três meses. Em maio eram 130 e o Brasil já era recordista mundial. A triste e desonrosa – para o país – medalha de ouro ainda é nossa, segundo o Cofen. Os Estados Unidos e a Itália, países que foram epicentros da pandemia do novo coronavírus, juntos, registraram 204 óbitos de enfermeiros, segundo dados de julho do National Nurses United e Federação Nacional dos Enfermeiros da Itália (FNOPI).

A negligência do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) gera comportamentos de risco na sociedade, que tem a sensação de que a doença não é tão grave e intensifica o afrouxamento do isolamento social. Isso aumenta o risco do número de óbitos e casos da doença entre a população e com isso os profissionais de saúde ficam mais expostos, se contaminam e morrem mais.

A afirmação do diretor financeiro do Cofen e enfermeiro em Brasília, Gilney Guerra, sobre o desgoverno de Bolsonaro, vem acompanhada de uma forte opinião de que se o país tivesse mais investimento no Sistema Único de Saúde (SUS) estes números seriam bem menores.

“Só agora muitas pessoas entenderam o valor do SUS, que mesmo sucateado tem sido determinante para salvar vidas. Se as unidades de saúde tivessem mais equipadas, os profissionais de enfermagem tivessem mais treinamentos e os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) fossem de melhor qualidade estes números seriam menores, não só para os trabalhadores da saúde mas para toda sociedade”, afirma.

Em julho, segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério da Saúde, que está sem ministro há quase três meses, investiu apenas 26% dos recursos que recebeu para o combate a pandemia.  E é um dinheiro que poderia ter ajudado a salvar muitas vidas, aponta o enfermeiro.

Os profissionais de enfermagem, segundo Gilney, arriscam suas vidas para salvar outras vidas, muitas vezes, improvisando por falta de estrutura e trabalhando com equipamentos defasados. Além disso, falta tecnologia para monitorar e ter dados precoces do estado de saúde dos pacientes.

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Fonte: CUT